quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Maçonaria Regular e Espúrias

Por Marcelo Del Debbio (deldebbio | 10 de maio de 2009). Como segundo Post na série sobre a Maçonaria, é necessário explicar o que talvez seja a maior causa de confusões (e má-fé) no mundo profano. A questão de Lojas Regulares e Irregulares (ou Espúrias). Primeiro ponto: o que é uma Loja Regular? Para entender a Regularidade, precisamos voltar no tempo até o Início da Chamada “Maçonaria Especulativa”. A Maçonaria apresenta duas fases: a primeira, operativa, e a segunda especulativa. Na primeira, os seus componentes operavam materialmente, eram trabalhadores especializados na construção de Templos, Castelos e Igrejas e data de aproximadamente 900 DC. A segunda fase é denominada especulativa, de vez que os seus adeptos são homens de pensamento. Desde a antiguidade, os construtores que detinham conhecimentos especiais, constituíam uma espécie de aristrocacia, em meio das demais profissões. Formavam como que colégios sacerdotais. Na idade Média, os construtores de catedrais e palácios eram beneficiados, por parte das autoridades eclesiásticas e seculares com inúmeros privilégios tais como: franquias, isenções, tribunais especiais, etc. Daí a denominação francesa de franc-maçon traduzida como pedreiro-livre. A arquitetura constituía então, a Arte Real, cujos segredos eram transmitidos somente àqueles que se mostrassem dignos de conhecê-los. Havia entre aqueles construtores como que um Ideal, a construção de uma obra suprema, mediante um trabalho constante. Seria o Templo Ideal. Os pensadores e alquimistas da época, combatidos pelos espíritos menos esclarecidos, perseguidos, buscavam refúgio entre os pedreiros livres, capazes de protegê-los pelos privilégios que tinham. Eram alguns aceitos. Daí a denominação der Maçons Aceitos em contraposição a Maçons Antigos, os construtores. Claro que nem todos podiam ser aceitos. Faziam sindicâncias e apenas alguns eram admitidos, porém depois de submetidos a uma série de provas que constituíam a iniciação. Os iniciados juravam guardar segredo dos ritos e respeitar as regras. No séc. XVI, aumentou consideravelmente o número de Maçons Aceitos, com predominância para os Rosa-Cruz ingleses, entre eles, Elias Ashmole, alquimista, que ingressara com um grupo de amigos, teólogos em 1646. A partir daí, por iniciativa dos novos membros, organizou-se uma sociedade, cujo objetivo era a construção do Templo de Salomão, templo ideal das ciências. Elias Ashmole obteve permissão para que a sociedade realizasse suas reuniões no Templo Maçônico. De pouco em pouco, os elementos precedentes da Fraternidade Rosa Cruz (Instituição secreta que presumidamente dedicava-se ao estudo do esoterismo, alquimia, teosofia e outras ciências ocultas) passaram a preponderar na Maçonaria, introduzindo nela muito de seus símbolos. Alteraram os rituais, sobretudo a parte referente à iniciação. Primitivamente havia na hierarquia maçônica apenas os graus de aprendiz e companheiro, pois que o Mestre era somente o encarregado da direção de uma construção. Em 1664, foi criado o grau de Mestre por Elias Ashmole, formando assim a base definitiva das hierarquia maçônica. Posteriormente, a Maçonaria tomou grande impulso na Inglaterra quando operou-se grande transformação orientada por Jacques Anderson, presbítero londrino, diplomado em filosofia, e Desagulliers, de origem francesa, grão mestre inglês, eleito em 1719. A partir de então passou a Maçonaria a desenvolver tendências para instituição filantrópica. Em 1723 foi aprovado o Livro das Constituições maçônicas, revisto por Jacques Anderson. Sendo chamado de Constituição de Anderson, tornou-se em pouco tempo a Carta da maior parte das lojas. Propagavam uma doutrina sobretudo humanitária, deísta espiritualista, aberta a todos os cristãos, qualquer que fosse a sua seita, e leal aos poderes públicos. Esta origem, ligada aos construtores da era medieval explica o porque da simbologia maçônica estar toda ela relacionada ao tema construção. Seus símbolos mais conhecidos, até mesmo pelo observador mais desatento, são os instrumentos do pedreiro: o esquadro, o compasso, o prumo, a régua, o nível, etc. De 1717 Até os dias de hoje, graças a este Sistema de Iniciações esotérico/simbólico, um Iniciado precisa obrigatoriamente passar por uma Iniciação e ser consagrado Maçom por um Venerável Mestre, que por sua vez também um dia foi aprendiz e passou por uma iniciação organizada por um Venerável Mestre, e assim por diante até chegarmos a Jacques Anderson. Esta é a Maçonaria REGULAR. Ou seja, se pegarmos o histórico do Tio Marcelo, vamos voltando no tempo nas iniciações de Venerável Mestre em Venerável Mestre até chegarmos ao Mr. Anderson. Eu sou reconhecido como irmão pelos maçons Ingleses (e por maçons regulares do mundo inteiro). Porém, ao longo dos séculos, devido a Vaidades humanas, disputas por poder, brigas e expulsões, acabaram sendo criadas maçonarias chamadas “irregulares”, o que não significa que elas sejam nem melhores nem piores… Algumas lojas maçonicas irregulares foram formadas por graus 33 que detinham todos os conhecimentos dos ritos, mas não fazem mais parte da “Linhagem” (a Prince Hall, por exemplo, que foi formada por ex-escravos e não foram reconhecidos na época e, por algum motivo, preferiram continuar independentes até hoje) . Outras são lojas que seguem o padrão de Iniciações mas que nada tem a ver com seus ritos (entre elas fraternidades estudantis Alfa-beta-gamas da vida e o Skull and Bones), temos lojas mistas ou que permitem a entrada de mulheres, e algumas podem até mesmo ser organizações criminosas que seguem a estrutura iniciática (Yakusa, P2, Máfia…). NENHUMA destas ordens é considerada “Maçonaria”. Aqui no Brasil temos até estelionatários passando golpes com o nome de maçonaria (vocês nunca receberam um email “entre para a maçonaria?”. Se receberem, fujam: é golpe na certa! Aqui no Brasil, existe uma Potência reconhecida, que é o Grande Oriente do Brasil, e duas Obediências, que são as Grandes Lojas (uma em cada estado) e o Grande Oriente Paulista. Uma Obediência significa que há um tratado de reconhecimento mútuo entre estas lojas (ou seja, o tio Marcelo pode visitar lojas das Grandes Lojas e membros das Grandes Lojas podem visitar a ARLS Madras ou a Crowley), mas que estas continuam NÃO sendo reconhecidas pela Grande Loja Inglesa (a GLESP, GLERJ, GLEMT e GLMEES atualmente são reconhecidas pela UGLE). Sim, é um pouco confuso mesmo… E quais as vantagens de ser regular ou irregular? Bem, um maçom irregular não pode frequentar reuniões de lojas regulares, pois ele não é reconhecido como irmão, ou seja, um maçom irregular não poderia ir a uma reunião na Loja Madras ou Aleister Crowley. Ou seja, uma loja irregular está isolada nela mesma ou em pequenos (ou grandes) grupos que se reconhecem mutuamente. Uma das melhores coisas da maçonaria é a quantidade fantástica de palestras, tempos de estudo e núcleos de debate que ocorrem nas lojas… ser Livre-pensador é poder visitar X lojas e ver X pontos de vista e opiniões diferentes sob um mesmo aspecto de um estudo, por exemplo… Uma loja irregular pode se regularizar… para isso, existe uma cerimônia chamada Regularização, onde os membros da loja XYZ são recebidos por um Venerável Mestre e encaixados novamente na “Grande Árvore”, e o oposto também pode acontecer… uma loja XYZ ser expulsa e tornar-se irregular. E disto vêm os absurdos que a gente vê na mídia, falando que Bush é maçom, que a Skull and Bones é parte dos Illuminati, que os maçons vão dominar o mundo, que o NWO fez isso e aquilo, e assim por diante… para os crentes, toda religião afro é “macumba” e toda ordem iniciática é Illuminati”. Dúvidas? Acesse:( http://www.deldebbio.com.br/2009/05/10/maconaria-regular-e-espurias/comment-page-3/). Fonte: Marcelo Del Debbio Nascido em 1974, Marcelo Del Debbio é hoje considerado um dos maiores pesquisadores sobre Ordens Iniciáticas, Oráculos e Ocultismo no Brasil. – Formado Arquiteto em 2000 pela FAU-USP e com especializações em Semiótica, História da Arte e Religiões Comparadas. Seu Currículo Acadêmico pode ser visto AQUI. – Escritor com mais de 60 títulos publicados e mais de duas centenas de artigos publicados em revistas. – Colunista do site “Teoria da conspiração”, onde escreve semanalmente sobre ocultismo e filosofia. – Autor da Enciclopédia de Mitologia, um dos maiores e mais completos trabalhos do gênero em língua portuguesa, com mais de 7.200 verbetes, de 40 mitologias diferentes. – Autor do livro Kabbalah Hermética, que aborda todos os aspectos da Kabbalah Hermética dentro da História da Arte, Ocultismo, Mitologia e Ordens Iniciáticas em 700 páginas ricamente ilustradas. Considerado o melhor trabalho sobre o tema em língua portuguesa. – Organizador do Hermetic Kabbalah Tarot, trabalho de referência na área de hermetismo e simbolismo no tarot. – Editor chefe da Daemon Editora, a 3a maior editora de livros de RPG no Brasil. Dois de seus livros, Arkanun e Trevas, estão entre os 50 Melhores livros de RPG de todos os tempos. – Iniciado em Bruxaria Inglesa em Stonehenge, em 1989. – Membro da Maçonaria, filiado à loja ARLS Arcanum Arcanorum, 4269 (GOB). Foi Venerável Mestre da Loja de 2014-2015 – Membro fundador da ARLS Aleister Crowley, 3632 e ARLS Thelema, 3692 (GOB). – Membro das Ordens Inglesas de Aperfeiçoamento Maçônico: Maçom do Arco Real, Mestre da Marca, Mestre da Nauta Real. – Cavaleiro Templário, membro do Preceptório Madras, 22. Foi Grande Marechal da Ordem Templária no Brasil no período de 2011-2012. – Cavaleiro da Ordem de Malta, membro do Priorado Madras, 22. – Membro da Loja de Perfeição Barão de Mauá. Possui grau 18 no REAA. – Foi Membro do Conselho Consultivo do Capítulo Madras, da Ordem Demolay, de 2010-2012. – Membro Honorário do Priorado “Príncipes Protetores da Santa Cruz de Caravaca”, do Estado de ES. – Frater da Antiga e Mística Ordem Rosacruz – AMORC. – Membro da Sociedade das Ciências Antigas (SCA). – Membro da Tradicional Ordem Martinista (TOM) – Membro do Colégio dos Magos. – Membro do Arcanum Arcanorum. Foi Magister Templi da Ordem em 2010-2014. Ocupa atualmente o cargo de Secretário de Ritualística e Estudos para a Ordem no Brasil. – Pequena Biografia do Marcelo Del Debbio, escrita por Frater Dybbuk, AA. Algumas Palestras e Entrevistas – A Kabbalah e os Deuses de Todas as Mitologias (Sociedade Teosófica) – Astrologia Hermética, entrevista para o Podcast “Mundo Freak Confidencial” – Entrevista dada ao site Thelema.com – Podcast sobre Hermetismo no Conversa entre Adeptus – parte 1 – Podcast sobre Hermetismo no Conversa entre Adeptus – parte 2 – O Louco no Tarot de Rider-Waite e Thoth – Entrevista sobre Simbolismo e História da Arte dentro do Tarot. – Entrevista no programa E-farsas sobre Maçonaria – Entrevista sobre Ordens Iniciáticas e ocultismo – Podcast sobre Maçonaria no Podcast “Descontrole”. – Maçonaria e Ordens Iniciáticas no Podcast Mundo Freak Confidencial. – Entrevista sobre Teorias da Conspiração. – Programa “Entre o Céu e a Terra” TVBrasil- Símbolos e Representações. – Programa “Entre o Céu e a Terra” TVBrasil – Espiritualidade, Sexo e Prazer. – Entrevista sobre Astrologia Hermética, no Podcast “Descontrole”. – Entrevista sobre Ocultismo e Teoria da Conspiração no site E-Farsas. – Entrevista sobre Filosofias Hermética, no Podcast Contos Acabados. – Entrevista sobre Ocultismo e Magia Moderna no Occultacast. – Entrevista sobre Origens do hermetismo – parte 1 com Fredi Jon. – Entrevista sobre Origens do hermetismo – parte 2 com Fredi Jon. – Brasileiros notáveis – Marcelo Del Debbio apresentado por Gastão Moreira. – Palestra sobre a História dos Oráculos, na Sociedade Teosófica – Mitologia e RPG, bate papo no “canal Roleplayers”. Leia e assimile o site http://www.deldebbio.com.br

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